sábado, 16 de julho de 2011

OS SEUS OLHOS CASTANHOS

Os seus olhos são tão belos, mas, não me basta contemplá-los. Instiga-me saber o que há por trás deles. Que segredos guardam, que recortes fazem da realidade? O que eles selecionam para si? O que fotografam, afinal? Quero te conhecer por trás desses olhos, o que eles escondem! O que eles vêem quando se fecham...

Conheço cada marquinha que se desenha quando sorri com esse seu magnífico sorrir com os olhos. Conheço a sua seriedade quando se concentram num determinado ponto do vazio que só você vê. Ou quando encabulados presenteiam-me com duas piscadelas rápidas e gentis. Ou quando choram. Ah, como eles são belos quando estão molhados.

Mas nada disso é capaz de me fazer ver através da pupila dilatada, além de meu reflexo em sua íris, desse castanho profundo e misterioso que me observa sem pudores, sem um desvio sequer. Que estará procurando em mim? O mesmo que procuro em você?

Quando você dorme, eu te observo com os seus olhos fechados. Como eu gostaria de abri-los sem que percebesse para pular essas janelas e assim visitar os seus sonhos, conhecer os seus pensamentos. Um desejo mesquinho e egoísta, eu sei. Invadir essa tão bela liberdade, esse universo particular que somos cada de um nós.

Mas eu não posso controlar os meus desejos e não há nada que eu possa fazer para realizá-los. Só me resta acreditar em suas palavras, interpretar os gestos que nunca são ditos e contemplar esse magnífico enigma que me olha nos olhos. Tão próximo ao meu toque e tão longe do meu alcance.